Antônio EliasGeral

Futuro da Santa Casa depende de União e Planejamento

A Santa Casa divulgou suas demonstrações Contábeis, apresentando o valor do déficit em 2021 da soma vultosa de R$ 86.375.244,00 (Oitenta e seis milhões e trezentos e setenta e cinco mil e duzentos e quarenta e quatro reais), enfatizando ainda, o Déficit acumulado de R$350.640.935,00 (Trezentos e cinquenta milhões e seiscentos e quarenta mil e novecentos e trinta e cinco reais), demonstrando a falta de recursos públicos para suprir despesas e até mesmo um planejamento financeiro e de fluxo de caixa capaz de promover ao longo dos anos a amortização deste saldo devedor.
Deve ser destacado que as entidades representativas dos Hospitais do setor Filantrópico, vivem a maior crise da história e fazem movimento para sobrevivência, este é o caso da Santa casa, a qual precisa de ajuda para tentar minimizar os danos que este saldo devedor causa a estrutura da Santa Casa, atingindo diretamente aos usuários do SUS.
Observa-se novamente, que os graves problemas financeiros são velhos conhecidos das Santas Casas e hospitais Filantrópicos, em função do nível de endividamento e do subfinanciamento do SUS (Sistema Único de Saúde). Este desequilíbrio é simples de apurar, basta fazer uma análise simplista entre o custo efetivo dos tratamentos prestados pela Santa Casa e os valores por ela recebidos do SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS, assim, poderá ser apurado que os repasses estão defasados, contando com uma tabela do SUS, a qual vem sendo mantida pelo Ministério da Saúde desde 2006, portanto nesta condição é difícil equilibrar as contas e podemos afirmar que dentro destas condições a Santa Casa jamais será superavitária. Outro ponto de suma importância é que o Município de Campo Grande possui um teto financeiro do SUS para a média e alta complexidade, o qual está bem abaixo da necessidade para equilibrar as contas da Santa Casa de Campo Grande, portanto, estes dois fatores são decisivos para manter esta condição preocupante e descabida de um déficit que só aumenta por anos seguidos e sua tendência é de cada vez mais aumentar, diante da falta de uma política séria para equilibrar as contas da Santa Casa, a qual pode a qualquer
momento sucumbir, diante de tantas dívidas e não ter uma só condição de ver ao menos os recebimentos do mês cobrirem as despesas do mesmo mês, assim, nem mesmo em um sonho poderá promover amortização de seu saldo
devedor.
Só resta a Diretoria Executiva da Santa Casa solicitar um repasse Extraordinário para Auxiliar a Administração Hospitalar para o Ministério da Saúde para ampliar o custeio do SUS, de forma a tentar para reduzir o déficit, com base no plano Operativo.
Para finalizar, deve ser observado que a situação da Santa Casa é complexa porém cumpre ao SUS e ao Município de Campo Grande buscarem o ponto de equilíbrio, para que assim sejam também chamados a este grande pacto o Estado de Mato Grosso do Sul e a União.
A questão da Santa Casa passa assim, por uma nova tendência de administração, na qual se precisa conhecer mensalmente o seu custo e sua receita, aliado ao fato de que tem que se apurar quanto o SUS irá repassar, para somente assim, termos o equilíbrio das contas. O pagamento das dívidas deverão compor uma massa de renegociação, para que ocorra o equilíbrio, de forma a criar uma espécie de moratória, até que a cada mês
tenhamos uma gestão de que o que entra de receita na Santa Casa mensalmente cobre as suas despesas, sem este sinalizar, a qualquer momento poderemos ter uma insolvência total da Santa Casa, levando a impossibilidade
de atender aos usuários, assim, diante deste desenho, deve a sociedade civil, ministério publico, munícipio de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul e União, já se unirem no grande planejamento para manter a Santa Casa ativa, ressaltando que a referida entidade é a base da quase totalidade dos atendimentos mais complexos prestados pelo SUS em Mato Grosso do Sul.

Autor do texto: Antônio Elias Morais, consultor contábil, Sócio da Empresa PREVISA Consultoria Contábil e Auditoria, e auditor aposentado do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul.

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