Policial

Esquema desviou pelo menos R$ 23 milhões dos cofres públicos de Maracaju

A Polícia Civil cumpre, nesta quarta-feira (22), em Maracaju, a 157 quilômetros de Campo Grande, 33 mandados de prisão e busca e apreensão contra servidores públicos do alto escalão, além de empresários envolvidos no esquema criminoso contra a prefeitura do município. Um dos mandados continua em aberto e o suspeito é considerado foragido da Justiça.

Conforme investigação do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), o desvio é de cerca de R$ 23 milhões e teria ocorrido no executivo municipal no exercício de 2019/2020. Houve ainda, o bloqueio de bens e outras medidas cautelares.

Durante as investigações, a Dracco teve apoio do Laboratório de Lavagem de Dinheiro (LAB-LD) e constatou que foi criada uma “conta bancária de fachada”, a qual não era declarada aos órgãos de controle interno e externo do município, sendo que foram feitos pouco mais de 150 repasses de verbas públicas em menos de um ano.

Os desvios eram feitos a partir de negócios jurídicos dissimulados, envolvendo os integrantes do alto escalão da prefeitura, que emitiram mais de 600 lâminas de cheques a empresas, sem qualquer lastro jurídico para amparar os pagamentos.

Ainda conforme a polícia, muitas das empresas beneficiárias dos valores não mantinham relação jurídica com a prefeitura, recebendo valores sem ter participado de licitação, feito algum contrato ou meio legal que amparasse a transação financeira. Além disso, não havia emissão de notas fiscais e os valores não eram submetidos a empenho de despesas, operações legais que devem ser observadas pelos entes públicos.

Diante da gravidade, a polícia deflagrou a operação Dark Money e realizou o pedido para várias medidas cautelas em Maracaju, com mandados de prisão temporária contra servidores públicos e particulares, busca e apreensão em empresas, além do bloqueio de bens e outras, tendo o parecer favorável do Ministério Público e decisão do poder judiciário do município.

Além do Dracco, unidades da Polícia Civil de Paraíso das Águas, Naviraí, Nova Andradina, Nova Alvorada, Corumbá, Ponta Porã, Nova Alvorada do Sul, Itaporã, Rio Brilhante, Mundo Novo e Maracaju participam da ação.

Na capital sul-mato-grossense, policiais do Grupo de Operações e Investigações (GOI) da 1ª, 2ª e 3ª delegacia participam das buscas, além do apoio da Delegacia Especializada em Repressão à Roubos e Furtos (Derf), Delegacia Especializada de Repressão ao Furto e Roubo de Veículos (Defurv) e Departamento de Inteligência da Polícia Civil e ainda uma equipe de Umuarama (PR), já que foi constatado que um dos alvos fugiu para o Paraná e foi preso em um hotel desta cidade.

A expressão Dark Money é uma alusão à natureza do dinheiro fruto da corrupção sistêmica que atinge setores públicos e perpetrada por seus gestores.

*Por G1 MS

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