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‘Meu sonho é ganhar um rim para ter uma vida normal’, pede menina ao Papai Noel

Como manda a tradição, com a aproximação do Natal as crianças escrevem suas cartinhas com pedidos de presentes para o Papai Noel.

A lista é sempre imensa e amplamente variada, partindo de coisas mais simples, como uma honesta boneca a até coisas mais sofisticadas, como dispositivos eletrônicos e videogames de última geração.

Nesse meio, também há aquelas crianças que, tomada pela situação financeira de suas famílias, trocam seus pedidos particulares por desejos de uma vida melhor para seus pais, como um emprego ou uma casa mais confortável para morar.

Em outros casos, ainda mais delicados, algumas crianças acabam pedindo em suas cartinhas coisas que são impossíveis de serem adquiridas numa loja de varejo ou numa fábrica de brinquedos.

Foi um pedido deste nível que comoveu a equipe médica e de voluntários do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (HU), na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande (MS).

A paciente Yasmim Vitória Miranda, de apenas sete anos, escreveu a sua cartinha para o Papai Noel e nela pediu por um presente mais do que especial, aliás, algo essencial para salvar a sua vida: um novo rim.

Yasmim está internada no estabelecimento hospitalar há cerca de 70 dias no Centro de Terapia Intensiva (CTI) e não tem previsão de alta médica, pelo menos, por enquanto.

A mãe dela, Fabiane Miranda, concedeu entrevista ao site G1 e contou todo o drama familiar. Segundo ela, a Yasmim já passou por pelo menos 10 intervenções cirúrgicas para tratar de sua doença e agora aguarda pelo transplante.

No transplante renal, um rim saudável de uma pessoa viva ou falecida é doado a um paciente portador de insuficiência renal crônica avançada. Através de uma cirurgia, esse rim é implantado no paciente e passa a exercer as funções de filtração e eliminação de líquidos e toxinas.

O transplante renal é considerado a mais completa alternativa de substituição da função renal. Tendo como principal vantagem a melhor qualidade de vida, pois o transplante renal garante mais liberdade na rotina diária do paciente.

Yasmin está 70 dias internada no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) do HU — Foto: Arquivo pessoal/ Reprodução
Yasmin está 70 dias internada no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) do HU — Foto: Arquivo pessoal/ Reprodução

Yasmim apresentou os sintomas da doença ainda no primeiro ano de vida, através de um inchaço acompanhado de crises renais.

A menina passou por diversas avaliações médicas até ser diagnosticada com síndrome nefrótica, que é uma doença renal, de evolução crônica que afeta vários órgãos e sistemas.

Yasmim sempre enfrentou crises de convulsão e, por conta disto, nunca conseguiu ter uma vida normal de crianças de sua idade, como ir para a escola ou até mesmo correr, já que possui uma dieta extremamente rígida, com apenas 120 ml de liquido por dia, entre água e suco..

Para continuar viva, a pequena Yasmim precisava de um tratamento médico específico. Após várias consultas e muitos exames realizados, a doença foi finalmente estabilizada, porém, ela ainda não está curada.

A mãe, Fabiane, contou que sua filha já precisou fazer mais de 18 horas de diálise peritoneal, sendo essa uma das formas de tratamento para pacientes com falência da função renal. Atualmente, Yasmin realiza diálises sete dias por semana.

Fabiane disse que o seu grande sonho hoje é receber a notícia de que a sua filha será preparada para a cirurgia de transplante do rim. No entanto, para isso, inicialmente é preciso encontrar um doador que seja compatível, algo difícil, mas não impossível.

Por conta dos problemas da filha, ela está sem trabalhar há sete anos e desde sempre vem se dedicando exclusivamente aos cuidados de Yasmim e morando no Hospital Universitário.

Apesar disso, a mãe garante não ser nenhum esforço ou sacrifício, tendo como recompensa o sorriso e a vontade de viver da menina.

Por conta dessa sua situação bem delicada, e tendo a total consciência de sua necessidade, a pequena Yasmim escreveu uma cartinha ao Papai Noel pedindo de presente um novo rim.

Quem pode ser doador de rim?

Existem dois tipos de doadores: os doadores vivos (parentes ou não) e os doadores falecidos.

No caso de doadores falecidos os rins são retirados após se estabelecer o diagnóstico de morte encefálica e após a permissão dos familiares. O diagnóstico de morte encefálica segue padrões rigorosos definidos pelo Conselho Federal de Medicina.

Vários exames são realizados para se certificar que o doador apresenta rins com bom funcionamento e que não possui nenhuma doença que possa ser transmitida ao receptor. O sangue do doador será cruzado com o dos receptores, e receberá o rim aquele paciente que for mais compatível (menor risco de rejeição) com o órgão que está disponível.

Para receber um rim de doador falecido é necessário estar inscrito na lista única de receptores de rim, da Central de Transplantes do Estado onde será feito o transplante.

Os critérios de seleção do receptor são compatibilidade com o doador e tempo de espera em lista.

No caso de rim de doador vivo, tanto os parentes, quanto os não parentes podem ser doadores, sendo necessária uma autorização judicial. São feitos vários exames do doador para se certificar que apresenta rins com bom funcionamento, não possui nenhuma doença que possa ser transmitida ao receptor e que o seu risco de realizar a cirurgia para retirar e doar o rim seja reduzido.

Então as condições necessárias para ser um doador vivo é manifestar desejo espontâneo e voluntário de ser doador (a comercialização de órgão é proibida). Há a necessidade de ter compatibilidade sanguínea ABO com o receptor. É realizado testes para comprovar outras compatibilidades (HLA e cross-match).

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