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MS-352: asfalto é alívio no acesso à Ponte do Grego, palco de tragédias e manifestações

“Uma mulher embriagada veio e bateu na gente”. Essa é a recordação triste que a dona Asty Luzia Torres, 63 anos, vai carregar para o resto de sua vida. Em 2010, ela perdeu o esposo em um trágico acidente na MS-352, que liga Terenos à região turística da Ponte do Grego.

“Eu quebrei sete costelas. Estávamos parados na estrada pedindo gasolina, uma mulher veio e bateu na gente. Era um caminhão baú, ela subiu em cima do meu carro e me arrastou 15 metros. Meu neto, de 8 anos, estava dentro do carro e se machucou, meu esposo morreu na hora. Perdi muitos amigos também na estrada”, lembrou.

Mesmo com a lembrança da tragédia, Asty Luzia não desistiu de lutar por melhorias para a região. Hoje, ela preside o Clube de Mães da Ponte do Grego e comemora o investimento do Governo do Estado na pavimentação da estrada. “Depois de anos lutando por melhorias esse asfalto vem como uma benção”, disparou.

Dona Asty mora no pequeno vilarejo a beira do Rio Aquidauana onde também reside a Vânia Lúcia, de 59 anos. Há 20 anos ela trocou a correria de Campo Grande pela calmaria da região. Lá, montou um comércio e também lutou por melhorias na estrada. Vânia liderou uma manifestação em 2013 para cobrar melhorias diante das péssimas condições da MS-352. “A estrada é assim, quando vem acabando eles arrumam. Depois a chuva vem e estraga mais ainda. É só pedra, carro quebrado e o povo pedindo socorro aqui na minha porta. Antigamente era o areião, com carros atolados e agora é pedra”, disse.

Para Vânia, a Ponte do Grego não tem um turismo fortalecido por conta da estrada. “O turista vem aqui uma vez ele não põe o carro dele na segunda, já não vem mais”, disparou. “Com esse asfalto o turismo vai aumentar, a vida vai ser outra. Uns se colocam contra, dizendo que vai aumentar a bandidagem, mas não. A gente tem que olhar o progresso, pra gente poder ir à cidade fazer uma compra com segurança, por exemplo”, disse.

A situação é crítica inclusive para quem não tem carro e precisa de ônibus para ir à cidade ou voltar para a Ponte do Grego. O local ficou sem ônibus por quase seis meses depois de uma empresa desistir do trajeto. Segundo os moradores, a situação da estrada é tão crítica que um ônibus chegou a pegar fogo na estrada e os passageiros tiveram que descer correndo.

Wandivaldo Gonçalves Santana, de 65 anos, conhecido como Angico é um dos moradores que dependem do ônibus. Ele tem uma propriedade ao lado da Ponte do Grego. “Essa estrada é só por Deus. Ficamos quase seis meses sem ônibus só dependendo de carona para fazer compra, agora que voltou, graças a Deus. Com o asfalto é diferente, mas do jeito que está não dá”, disse.

A estrada também é trajeto para o escoamento da produção das diversas fazendas que tem pela região, além do transporte de gado. Em uma comitiva de sete caminhões boiadeiros estava o motorista Bruno Camargo Vasconcelos, de 35 anos. Eles carregaram os veículos em uma propriedade rural da região da Ponte do Grego para levar até Camapuã.

Da fazenda até o entroncamento com a BR-262, na região urbana de Terenos, foram 70 quilômetros de estrada de chão pela MS-352. “Sem o asfalto uma viagem que poderia gastar uma hora, gastamos em torno de quatro horas. Agora, com essa pavimentação vai melhorar 100%”, afirmou. Para Bruno, a rodovia pavimentada, além de melhorar as condições do veículo, também preserva os animais transportados.

A OBRA – Em pleno vapor, a pavimentação da MS-352, do entroncamento com BR-262 até a Ponte do Grego,  foi dividida em duas etapas. A primeira, que corresponde a 15 quilômetros de estrada, já está 20% executada, com aproximadamente 2 quilômetros de base imprimada (quando é implantado o piche) e 1/da terraplanagem feita.

Já a segunda etapa, de 24,9 quilômetros de pavimentação, teve o extrato de contrato publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), na semana passada e, para iniciar a obra, é preciso aguardar a ordem de serviços que será expedida nas próximas semanas.

O governador Reinaldo Azambuja destaca a importância da obra para alavancar o turismo e a produção local. “Melhorar a infraestrutura das estradas, levando asfalto é o caminho certo para o desenvolvimento. A nossa intenção é levar, junto com os investimentos, qualidade de vida à população”, disse. O secretário de Estado de Infraestrutura, Eduardo Riedel, também destaca a importância do investimento: “Nós temos focado muito nisso. No desenvolvimento do Estado com obras e serviços importantes para toda população. A infraestrutura é fundamental para a logística e acesso aos municípios, e essas obras vão transformando Mato Grosso do Sul. Isto é mais qualidade de vida para o cidadão”.

Somando a primeira (R$ 21.2 milhões) com a segunda etapa (R$ 44.6 milhões), a rodovia recebe mais de R$ 65 milhões em quase 40 quilômetros de estrada.

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