Capital

Prefeitura assiste pela janela os ‘conhecidos pontos de alagamentos’ de Campo Grande

Anunciada pelos meteorologistas há alguns dias, a chuva desta quarta-feira (08) em Campo Grande veio mais forte do que o esperado. Acompanhada de nervosas rajadas de vento, a tempestade forçou o Sol a ir para casa mais cedo e dar lugar a um escuro pavoroso até o resto do dia. Aos cidadãos, divididos entre a obrigatoriedade de ir para o trabalho e a tentativa do regresso para o aconchego do lar, coube ter a paciência para aguardar o término dos pingos. De pé nos raríssimos bancos dos pontos de ônibus cobertos, estes procuravam se proteger da enxurrada que invadiu as calçadas, canteiros e que transformou os meios-fios em verdadeiros corredores d’água.

Embora não pareça, esse cenário caótico é bem típico de Campo Grande sempre quando o volume da chuva ultrapassa a marca dos 30 milimetros. Sem ter um sistema de escoamento eficaz, com bueiros e bocas de lobo sem manutenção, as ruas e avenidas de qualquer bairro da cidade registram o acúmulo de água. Com construções ilegais ou até mesmo que não poderiam ter sido autorizadas exatamente pela falta do espaço para a chuva escorrer, a Capital se acostumou (e aceitou) a viver momentos de crise sempre que é tomada por um temporal.

Tão logo voltaremos a ouvir da Prefeitura Municipal aquela velha e já degastada promessa da construção de piscinões para conter o transbordamento do Córrego Segredo. As enchentes, bem como os pontos de alagamentos, são sim culpa da gestão pública desta cidade que ignora o histórico de anos e prefere gastar constantemente com os serviços de reparos nas vias. Até quando irão assistir pela janela da Prefeitura e pelos vídeos das redes sociais as rotatórias desta cidade se transformarem em pequenas ilhas sempre que uma chuva mais forte acontece?

A chuva desta quarta-feira levou até caçamba embora

Ventos de 83 km/h e chuva de 54 mm: frente fria traz tempestade e causa alagamentos em Campo Grande
Foto: Leonardo de França, Midiamax
Foi por volta das 13 horas que os primeiros registros da chuva começaram a acontecer em diferentes regiões da Capital. Acompanhada de ventos fortes, o temporal pegou muita gente de surpresa, especialmente no centro e nos terminais de ônibus. Foram pelo menos quatro horas de chuva intensa, registrando o acumulado de 54mm e ventos de 83 km/h. A mudança climática antecede a chegada de uma frente fria que promete derrubar os termômetros durante esse final de semana e no início da semana que vem.

De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a temperatura em Campo Grande durante a manhã atingiu a máxima de 27°C e, após a chuva, chegou aos 19°C. A previsão alerta que a possibilidade de chuva segue até a sexta-feira (10), não apenas na Capital, como também em todo o Estado.

Os estragos foram grandes, porém, em locais repetidos. Na Vila Planalto, uma árvore caiu deixando duas casas sem energia. Na Avenida Pref. Heráclito Diniz de Figueiredo o galho de uma árvore despencou e deixou parte da via interditada a 400 metros da rotatória com a Rua Canaã. Na Avenida Júlio de Castilho, os comércios localizados na altura do cruzamento com a Avenida Yokohama foram invadidos pela força da enxurrada. A Rua do Livramento, no Bairro Coronel Antonino, também ficou completamente tomada pela água, já que não tem para onde escorrer.

O Córrego Imbirussu transbordou e tomou conta da Avenida José Barbosa Rodrigues, entre a Julinho Borges e Alexandre Marques,  impedindo até a passagem de veículos. Uma motociclista chegou a cair na enxurrada, segundo os relatos. Na Avenida Capibaribe, na esquina com a Rua Macaé, no Bairro Jardim Petrópolis, também houve transbordamento do córrego, que recebe a água  da chuva de tubulações de diferentes bairros sem qualquer planejamento para o seu limite.

Avenidas no centro da cidade também tiveram pontos de alagamento, como Afonso Pena, Mato Grosso e a Ceará. Na Rua Bahia, carros e motocicletas que estavam estacionados próximo ao Sebrae por pouco não foram encobertos pela água que descia da parte alta da região. Além disso, o fato curioso é que a força da enxurrada chegou a arrastar uma caçamba de entulho na Rua Euler de Azevedo, no Bairro São Francisco, conforme vídeos compartilhados nas redes sociais.

No cruzamento da Avenida Rachid Neder com a Rua Arthur Jorge, também no Bairro São Francisco, motoristas precisaram parar em cima da rotatória para evitar a enxurrada que alagou a região. No local, há um córrego que passa por debaixo da pista e que recebe toda a água das ruas locais.

Casas ficaram embaixo da água nas regiões dos bairros Jardim Inápolis, Nova Campo Grande e Coophatrabalho, regiões onde não há um sistema de captação de água pluvial ou, se é que há, é totalmente ineficaz.

Pelo menos 14 bairros registraram falta de energia elétrica, segundo informou a Energisa. São eles: Aero Racho, Santo Amaro, José Abrão, Santo Antônio, Vila Nasser, Vila Nova Campo Grande, Vila Popular, Centro, Núcleo Industrial, Seminário, Cruzeiro, São Conrado, Tijuca e Vila Romana. Foram registradas 1.964 descargas elétricas na Capital e 49.324 no Estado.

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