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Com déficit de R$ 4 milhões ao mês, Consórcio Guaicurus quer taxar até motoristas de aplicativos para não falir

A criação de um fundo, o fim da gratuidade aos estudantes, mudança na forma de renumeração e ainda taxação do uso do solo por parte  dos motoristas de aplicativo. Essas foram as propostas apresentadas pelo Consórcio Guaicurus para impedir um aumento muito elevado do valor da tarifa a partir do próximo ano. O assunto esteve em debate na manhã desta quarta-feira (06) na Câmara Municipal, na ocasião, o gerente-executivo do coletivo de empresas de viação que opera o transporte público, Robson Strengari, afirmou que há um déficit mensal de cerca de R$ 4 milhões e que isso vai comprometer o pagamento da folha salarial dos motoristas.

Conforme explicou, considerando os custos atuais, principalmente do preço do diesel, o valor da tarifa de ônibus deveria ser hoje de pelo menos R$ 6,00. “Fazendo os cálculos, o ideal seria recebermos por mês R$ 18 milhões, mas recebemos R$ 13,2 milhões com essa tarifa atual de R$ 4,40, então, faltam R$ 4 milhões para cobrir todos os gastos. Os subsídios do Governo e da Prefeitura somam R$ 2,2 milhões, então, falta ainda R$ 1,8 milhão para fechar o caixa”, disse ele aos vereadores e demais convidados da audiência. Para ele, esse valor restante poderia vir de outra fonte.

Diante disso, o representante do Consórcio Guaicurus sugeriu alguma medidas que poderiam ser adotadas pela Prefeitura para ajudar a custear o serviço de transporte público. Entre essas sugestões, que serão levadas para a prefeita Adriane Lopes, está a criação de uma taxa de uso do solo para os motoristas de aplicativo; ou então que a empresa seja remunerada por quilômetro rodado ao invés da quantidade de usuários; a criação de um fundo especifico usando recursos de impostos municipais e do licenciamento de veículos e IPVA; ou ainda que os estudantes paguem pelo menos 50% do passe.

“Antigamente o estudante pagava 50% da passagem. Durante uma eleição municipal, um dos candidatos acabou prometendo a gratuidade. Um estudante de Medicina não paga e uma doméstica precisa desembolsar uma tarifa alta pois paga essas diferenças. Estudantes poderiam estudar nos bairros, perto da casa que moram. Se todo mundo pagasse, o valor ficaria menor. Desde 2016 estamos alertando que o transporte está em decadência”, disse Robson Strengari.

De acordo com a Agereg, as gratuidades para os estudantes e idosos têm um custo mensal de R$ 3,5 milhões. Se utilizam da gratuidade, 28.204 estudantes, sendo 3.325 da rede municipal (11,79%); 13.221 da rede estadual (46,84%); 6.769 da rede privada (24%) e 4.899 (17,37%) de instituições federais. Em média, são registradas por mês 234.216 viagens de idosos, ao custo de R$ 1.206.213,43. Há cerca de 10 dias o Governo do Estado realizou o primeiro pagamento do passe dos estudantes da Rede Estadual de Ensino (REE), que foi uma das medidas encontradas e tomadas pelos Poderes Públicos para impedir a greve dos motoristas de ônibus.

Além de subvencionar as gratuidades de estudantes e idosos, com o repasse até aqui de R$ 3,6 milhões, só nos primeiros cinco meses deste ano o Município concedeu isenção de ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) às empresas do transporte coletivo, no valor de R$ 2,7 milhões e anistiou o ISSQN de 2021, no valor de R$ 3,1 milhões.

Responsável por convocar o debate, o presidente da Comissão de Mobilidade Urbana da Câmara, vereador André Luis Soares, disse que uma possibilidade é que o transporte coletivo seja nos moldes de países desenvolvidos, em que o ônibus tem prioridade nas ruas. “Temos que mudar a mentalidade, o ônibus tem que ter prioridade. Falta ordenamento de trânsito em Campo Grande. Para que as pessoas queiram ir de ônibus ao invés de sair de carro, o transporte tem que ter mais qualidade”, comentou em sua fala. Atualmente, em Campo Grande estão sendo construído corredores de uso exclusivo para os ônibus, o primeiro que já está em funcionamento fica na Rua Brilhante.

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