Policial

Rapaz que teria asfixiado pecuarista até a morte confessa o crime e aguarda pela audiência de custódia

O terceiro integrante do grupo criminoso que matou uma pecuarista durante um roubo em Campo Grande deve passar pela audiência de custódia somente na quinta-feira (03). O rapaz, de 20 anos e que é cunhado de outra envolvida no crime, foi preso ontem (02) em Dourados enquanto se preparava para fugir para o Paraguai, segundo informou a Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), responsável pelo caso e que também ingressou com o pedido de prisão preventiva.

O sujeito foi localizado pelo SIG (Setor de Investigações Gerais) escondido no Centro de Recuperação da sitioca Ouro Fino. Ao ser detido, ele teria tido uma crise de choro e depois confessou sobre a sua participação no crime, dizendo que a intensão era receber uma transferência via PIX na ordem de R$ 50 mil da vítima, que negou e reagiu ao assalto. Ainda segundo a versão dele, no momento em que tentava asfixiar a pecuarista, ela teria mordido uma de suas mãos, que inclusive acabou ficando com os sinais.

Após a morte da vítima, os três fugiram levando alguns objetos de valor da casa. Com ele, foram recuperados o notebook e uma caixa de som que pertenciam à vítima. Ele foi transferido para Campo Grande, onde vai aguardar pela audiência de custódia que definirá o seu futuro, podendo responder em liberdade ou se será preso. As duas empregadas que também atuaram o crime, que são mãe e filha sendo que a primeira é a cunhada dele, tiveram suas prisões em flagrantes convertidas em provisórias e já estão no presídio.

As duas empregadas confessaram o crime e disseram, em depoimento, que tudo foi planejado, exceto a morte da vítima. Na ocasião, mãe e filha apontaram que o cunhado teria agredido e depois asfixiado até a morte a pecuarista. O crime foi premeditado com pelo menos três dias de antecedência, além disso, a polícia apura a possibilidade de uma irmã da vítima ter ‘contratado’ uma das empregadas para ‘dar um susto’ a fim de conseguir que a familiar assinasse documentos relacionados a quitação de uma dívida milionária.

O crime

De acordo com a Derf dias antes do crime o cunhado da funcionária-mãe foi chamado para participar do roubo à casa da pecuarista, localizada em um condomínio de luxo em Campo Grande. Para isso, ele usou um simulacro de arma de fogo e também um boné que foram compradas pela empregada.

Com tudo já combinado, mãe e filha foram até ao atacadista para fazer compras de rotina e deixaram o carro destrancado já para que o cunhado pudesse entrar, simulando um sequestro para que pudesse entrar no condomínio. Em seguida, já na frente da casa, ele desceu do carro falsamente mantendo a sua sobrinha como refém enquanto que a outra empregada permaneceu dentro do veículo.

Quando entraram encontraram a vítima na sala e o cunhado anunciou o assalto, pedindo que ela fizesse um PIX de pelo menos R$ 50 mil para ele. No entanto, a vítima negou e reagiu, momento em que ele passou a agredir a pecuarista. Para evitar qualquer suspeita dos vizinhos, o rapaz tampou a boca dela com um pano e passou a esganá-la, até que ela não resistiu e faleceu.

O grupo não pretendia matar a vítima, isso fez com que mudassem os planos. Ao ver que a mulher tinha falecido, o cunhado e a sobrinha levaram o corpo dela para um dos quartos e o deitaram na cama e fugiram levando alguns objetos de valor para simular o latrocínio. Em seguida, uma das empregadas que permaneceu no local pediu ajuda a um militar que mora no condomínio de luxo, informando que a casa havia sido assaltada e a sua patroa assassinada.

A suspeita

A Derf cita que uma das irmãs da vítima manteve contato com a funcionária da casa, que trabalhou durante sete anos para ela e que também seria amante de pecuarista e ainda recebia ajuda financeira. A motivação para o crime pode ter relação com a disputa da herança deixada pelo pai das irmãs, morto em 2013 na cidade de Dourados e dono de muitas posses, como fazendas.

A investigação descobriu que a irmã pediu ajuda à funcionária no intuito de essa fazer a patroa assinar documentos de quitação de uma dívida mediante a venda de 400 cabeças de gado por cerca de R$ 8 milhões. Essas informações foram delatadas em depoimento pelas funcionárias.

No acordo, a irmã ainda teria dito para a funcionária que a patroa delas tinha problemas com bebidas e que ela deveria se aproveitar de um momento de vulnerabilidade para fazer com que a pecuarista assinasse os documentos.

Para conseguir convencer as funcionárias, a irmã prometeu dar a elas R$ 50 mil em dinheiro, caso conseguissem a assinatura dos documentos. Ainda de acordo com a versão das autoras, dias antes do crime a patroa chegou a assinar a papelada, no entanto, ela teria rasgado antes que fossem escaneados e entregues. Diante disso, a irmã queria que a empregada desse ‘um susto’ na irmã, então, mãe e filha tiveram a ideia do roubo.

Todo o caso ainda está sendo investigado pela polícia, que deve agora obter novos elementos sobre os fatos.

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