Capital

Agressões contra a imprensa marcam o início da 2ª semana do acampamento bolsonarista na Av. Duque de Caxias

O acampamento bolsonarista na Avenida Duque de Caxias, em frente a sede do Comando Militar do Oeste (CMO), em Campo Grande, entrou na sua segunda semana nesta segunda-feira (7). Financiado por empresários e políticos ligados ao presidente em fim de mandato Jair Bolsonaro (PL), o grupo continua se mobilizando na esperança de conseguir alterar o resultado das eleições do segundo turno, ocorridas no dia 30 de outubro, e que culminaram na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A estrutura foi montada no final da tarde do últmo dia 31 e desde então se mantém ativo durante 24 horas por dia, tendo a sua maior concentração nos horários de pico e a noite. Durante alguns momentos do dia, eles interditam a pista no sentido centro-bairro deixando por vezes uma única pista de rolagem para o trânsito. Moradores do entorno reclamam do barulho promovido pelos manifestantes, além de todos os transtornos que estão passando para poder ir e vir de suas casas.

Também nesta segunda-feira, os manifestantes agrediram jornalistas de diferentes veículos da imprensa que cobriam o ato, impedindo o livre exercício da profissão. Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiaram veemente os atos. “O acesso à informação é um dos pilares do estado democrático de direitos, que vem sendo constantemente ferido durante estes atos antidemocráticos organizados por um grupo que questiona a vontade da maioria brasileira, externada nas unas no dia 30 de outubro”, diz um trecho da nota das entidades representativas.

Dourados também tem acampamento

Em Dourados, os bolsonaristas estão acampados em frente a sede da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada do Exército, nas margens da Avenida Guaicurus, trecho da MS-162 que liga o centro de Dourados ao aeroporto e aos campi da UFGD e da Uems.

Ao contrário da Capital, por lá o grupo está usando a estrutura do CTG (Centro de Tradições Gaúchas) para guardar os veículos e fazer refeições. Durante o dia, cerca de 200 lojas fecharam as portas em protesto pelo resultado das eleições.

O que querem os manifestantes?

Os protestos acontecem desde o fim do segundo turno eleitoral, quando o presidente em fim de mandato Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado nas urnas pelo petista Lula. Motivados pela fala do ídolo político, os eleitores passaram a bloquear trechos de rodovias em quase todo o País, colocando em risco o abastecimento de alimentos e combustíveis.

Durante a última semana, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi forçada pela Justiça a combater os protestos e liberar novamente o trânsito nas estradas brasileiras. Entretanto, no perímetro urbano, como em Campo Grande e Dourados, as autoridades públicas não se manifestaram ou se mobilizaram pelo fim das ações.

Pelas redes sociais, bolsonaristas têm compartilhado mensagens e até mesmo respondido postagem oficiais do Exército Brasileiro onde pedem a intervenção militar no País, algo que é inconstitucional e até mesmo injustificável já que não houve comprovações de irregularidades nas eleições. O resultado já foi até mesmo reconhecido por Jair Bolsonaro, que autorizou o processo de transição dos governos.

Confira a nota do Sindjor-MS e da Fenaj

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) vem a público repudiar veementemente a hostilização e violência contra os profissionais da imprensa local por parte de integrantes dos movimentos golpistas que, reunidos em frente ao Comando Militar do Oeste (CMO), em Campo Grande (MS), questionam o resultado das eleições presidenciais de 2022.

O Sindjor-MS recebeu, nesta segunda-feira (7), diversos vídeos que mostram repórteres, cinegrafistas e auxiliares recebidos aos gritos, com palavras de baixo calão, ao tentarem fazer a cobertura deste atos. Os registros em vídeo que, até o momento, foram apresentados ao Sindjor-MS apresentam equipes do SBT MS, TV Guanandi (Band), e dos sites Campo Grande News e TopMídia News sendo hostilizados pelos manifestantes.

Uma das equipes relatou ao sindicato que somente conseguiu se aproximar do local mediante “escolta” de manifestantes que chancelaram o trabalho dos jornalistas. Já outra equipe sequer conseguiu adentrar o local, diante do risco à integridade dos profissionais.

Ou seja, o que ocorre é não somente uma tentativa de impedir a imprensa de trabalhar, mas, principalmente, de informar aos cidadãos o que ocorre nestes movimentos.

O acesso à informação é um dos pilares do estado democrático de direitos, que vem sendo constantemente ferido durante estes atos antidemocráticos organizados por um grupo que questiona a vontade da maioria brasileira, externada nas unas no dia 30 de outubro.

Nos solidarizamos com os profissionais de imprensa hostilizados, e ressaltamos que estamos à disposição para atendê-los, bem como a toda a categoria, com o objetivo de garantir que os profissionais de imprensa possam trabalhar, levar informação à sociedade, e exercer o direito de ir e vir.

Informamos, ainda, que a assessoria jurídica do sindicato está tomando as providências legais contra este tipo de cerceamento, de forma a garantir a integridade dos jornalistas.

Campo Grande – MS, 7 de novembro de 2022.

Sindicato dos Jornalistas Profissionais de MS (Sindjor/MS)
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)

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