Caderno BColunistasGeralGiovanni Dorival

Língua Nacional

Eu falo porã, da indígena bonita

A ponta úbere da Princesinha dos Ervais

Eu chamo Ivinhema, a Terra Prometida

Laço que independe da história mosaica

Eu ouço ‘Gracias a la vida’

 

E canto o espanhol bonito e presente

De Mercedes Sosa e Perla

Volvendo a los diecisiete

Ou sonhando com os bailes

Da colônia paraguaia onde baila

 

La morena galopera de la estirpe indo-latina

Eu falo ‘mandioca’ esse acompanhamento do churras

Há regiões onde essa raiz é chamada ‘aipim’

Hoje falamos ‘cê’, a gramática ainda pede ‘você’

Mas, desses trópicos aqui

 

Que já foi a Pindorama, Terra de Vera Cruz

Um matusalém inconformado,

Perguntaria por ‘vosmecê’

E indagaria com estranhamento

O que é isso de elxs, delxs,

 

Porém, eu que nada sei dessas questões

Que em criança chamava ‘Cuceu’

Ao pobre Tadeu envergonhado

Observo que vale mais o debate

Quando respeitada as bocas que falam

 

As línguas que entremeiam a língua

As línguas que defendem a língua

As línguas que erram a língua

As línguas que se quer falam em libras

E as línguas que entoam neologismos

 

Coisas de língua que avança

Pelos tempos perdendo

O que era, para ser no agora

Essa pronuncia nacionalizada

Nessas bocas que ora blasfemam

 

Outras bendizem com paixão

Vezes mentem, vezes falam verdades

E, todas às vezes, perdidas e encontradas

Descansam cheias de alimento

Ou num beijo intenso e amoroso

 

 

Nota:

[i] 21 de maio é celebrado o Dia da Língua Nacional

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