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Sullivan Oliveira: o Operário Sul-Mato-Grossense dos Esportes

Artista renomado reflete sobre seu trabalho e o esporte de MS

Nascido em Assis, SP, Sullivan de Oliveira se mudou para Campo Grande aos 23 anos quando já havia dado os primeiros passos na carreira artística. Hoje, com duas décadas e meia de trabalho, o artista plástico, pintor e aerografista, Sullivan possui uma trajetória de destaque em Mato Grosso do Sul tendo sido homenageado pelo deputado estadual João César Mattogrosso (PSDB) na Sessão Solene em pelo Dia do Artesão, comemorado no dia 19 de março desse ano (2023).

Conhecido como “Operário dos Esportes”, em referência ao Operário Futebol Clube, time sul-mato-grossense pelo qual é apaixonado e que o inspira em sua arte, Sullivan executou trabalhos de destaque na área de desporto. Em 2016, participou na construção dos Arcos Olímpicos que ficaram em Manaus, AM. No ano seguinte (2017), o artista foi escalado pelo museu do Santos Futebol Clube para reproduzir a cena na qual o Rei do Futebol, Pelé, abre os braços em forma de crucifixo, em seu último jogo pelo Peixe, no dia 10 de outubro de 1977.

Além disso, Sullivan também recolhe marcas, das mãos ou pés de atletas, sendo que sua coleção conta com o registro do ídolo flamenguista Zico, Ronaldinho Gaúcho, Neymar e outras personalidades dos mais diversos esportes.

Sullivan com Ronaldinho Gaúcho. Foto: Arquivo pessoal.

Solteiro há doze anos e pai de dois filhos já crescidos, o artista que emprega o aerografismo a pinturas em motos e capacetes fala um pouco sobre sua vivência e carreira nesta entrevista.

Giovanni Dorival: Olá, Sullivan!

Sullivan Oliveira: Olá!

Giovanni Dorival: Gostaria de começar falando um pouquinho de você. Há quanto tempo é sul-mato-grossense?

Sullivan Oliveira: Nasci na linda Assis cidade do interior de SP e fui criado no alto da Lapa na capital paulista e moro no estado há mais de 25 anos e me considero filho do MS pois meus filhos nasceram aqui e aqui encontrei grandes irmãos, companheiros e amigos.

Giovanni Dorival: Entendi. Você tem dois filhos. Qual a idade deles?

Sullivan Oliveira: Um casal o menino José Carlos de 18 e a menina Luana de 23 anos que recentemente meu presenteou com um lindo neto.

Giovanni Dorival: Olha. Tão jovem e já é avô!

Sullivan Oliveira: Graças a Deus!

Giovanni Dorival: O que veio primeiro na sua carreira, o esporte ou a arte?

Sullivan Oliveira: Arte, sou do mundo da aerografia. Venho de uma área onde há uma cultura de se personalizar motos, capacetes e carros de corrida. O esporte sempre foi minha paixão, mas a arte chegou primeiro.

Giovanni Dorival: Pode me falar como começou?

Sullivan Oliveira: Comecei através dos estúdios de amigos em São Paulo, capital. E, aos poucos, fui agregando conhecimentos de pintura e assim abri meu estúdio onde criei minha carteira de clientes.

Giovanni Dorival: Você tinha que idade na época?

Sullivan Oliveira: Comecei cedo, aos 15 eu já sabia que queria personalizar motos e capacetes. Pois sempre amei esse universo e, com 20 anos, consegui uma ponta no programa do Ratinho. Levei um capacete a ele no SBT. Aí o universo conspirou a fazer as coisas fluírem.

Giovanni Dorival: Entendi. Nessa época já estava ligado ao esporte também?

Sullivan Oliveira: Eu jogava futebol e sempre amei esportes, mas o lance de trabalhos com clubes e museus de esportes ainda não tinha chegado.

Giovanni Dorival: Quando começou?

Sullivan tem se dedicado a coletar amostras de diversos ídolos do esporte para preservar a memória desportiva. Foto: Arquivo pessoal

Sullivan Oliveira: O lance começou quando eu vi o Ronaldo Fenômeno se aposentando do Corinthians e ele disse, em seu depoimento emocionado, que existia pouco respeito pela história dos nossos ex atletas. E, também pela falta que existe no Brasil, pela cultura de museologia esportiva. Pois ainda hoje está engatinhando, mas está mudando aos poucos. Também notei que ninguém coletava as marcas dos atletas de renome no país. E assim passei a coletar tudo que conseguia. O primeiro foi o Rogério Ceni quando veio a Campo Grande. Coletei dentro do aeroporto as marcas dos seus pés e mãos e não parei mais.

Giovanni Dorival: Certo. Como foi vir para o estado com essa bagagem do primeiro estúdio?

Sullivan Oliveira: Eu tinha tomado um pé na bunda de uma namorada. Tinha um casal de primos que amo e que morava em Dourados. Eu não tinha nenhum passarinho para dar água com vinte anos e, então, peguei uma passagem. Três amigos (Chiquinho, Formiga e Augustinho) me levaram na rodoviária de Assis, SP, e, assim, parti rumo ao MS. Não me arrependo, pois amo o MS. Aqui é o estado que amo. Faço meus trabalhos em São Paulo, Rio de Janeiro e em outros estados, mas eu amo esse estado e Campo Grande.

Giovanni Dorival: E depois você se envolveu com Operário. Como foi?

Sullivan Oliveira: Estava na minha casa no Caiçara quando um cara de dois metrôs bateu na minha porta querendo fazer uma bandeira para o Galo. Era o Silvio, torcedor símbolo do Galo. Assim comecei a conhecer a história do maior time do MS. E do time que amo, pois foi amor à primeira vista pelo Operário Futebol Clube. Acredito que esse amor já vem de outras vidas…

Giovanni Dorival: Quando foi isso? Você lembra, Sullivan?

Sullivan Oliveira: Há mais de 20 anos.

O artista com seus arcos olímpicos no Amazonas. Foto: Arquivo pessoal

Giovanni Dorival: Entendo. Hoje, você divide seu trabalho artístico com as coletas para o museu?

Sullivan Oliveira: Sim, consegui unir os dois. Executo trabalhos de grafites, mas quando clubes e museus me chamam eu executo trabalhos ímpares para eles.

Giovanni Dorival: Você fez um para o Pelé, foi isso?

Sullivan Oliveira: Exato! Realizei, a pedido do Santos Futebol e do Museu Pelé, também em Santos, vários trabalhos que edificaram a história do rei Pelé no Brasil e no mundo.

Giovanni Dorival: Foi um projeto inesquecível, imagino.

Sullivan Oliveira: Foram vários, graças ao Arquiteto do Universo! E, às pessoas boas que me ofertaram realizar em vida vários trabalhos ao Rei do Futebol e ao comitê olímpico. Devemos ter gratidão por ser escolhido para realizar trabalhos de grandes expressões que marcaram fatos nesse planeta que chamamos de casa.

Giovanni Dorival: Entendi. Como está o projeto do museu dos ex atletas do futebol, hoje?

Sullivan Oliveira: Do Operário está quase pronto. No mês de agosto quero instalar as marcas dos atletas que recolhemos já na primeira ação no clube. Estava esperando finalizar os campeonatos para retomar os trabalhos pois eu acho muito importante nós, operarianos, termos nosso local para preservar nossa história. O apoio da diretoria operariana, de toda a torcida, de dona Auxiliadora, Marcílio, Reinaldo, Silvião, Brunão e muitos outros grandes operarianos foi de extrema importância. Já o museu de esportes do estado que eu sempre sonhei não teve apoio, pois todos os gestores que passam em secretarias não sabem respeitar o real valor de nossos grandes atletas do passado. Infelizmente, o museu do esporte do MS não teve apoio para nascer e assim contribuir com a valorização da nossa própria história.

Giovanni Dorival: “Valorização da própria história”?

Sullivan Oliveira: No nosso estado, precisamos valorizar a história de centenas de mulheres e homens que tanto fizeram pelo bem esportivo. Mas infelizmente chegou uma hora onde minhas forças foram acabando, ninguém da gestão esportiva e cultural quis, verdadeiramente, apoiar.

Giovanni Dorival: Para você, qual a importância do Operário para o estado?

Homenageado como artista plástico no início do ano, Sullivan se preocupa com a valorização e memória do esporte no estado. Foto: Arquivo pessoal

Sullivan Oliveira: Vou colocar dois times na resposta. O Operário detém a força de ser o time do povo, e como operariano que ama a história do nosso futebol, também devo ressaltar a grande importância do nosso clube irmão, o Comercial, pois somos rivais e não inimigos. A história do Operário é grande, devido a termos um grande irmão futebolístico como o Comercial. Pois a história e a importância dos dois estão na alma do povo do MS. Como operariano, fico triste ver meu irmão Comercial na segunda divisão. Quero ver o colorado, novamente, na primeira, e, assim, podermos jogar nossos clássicos Comerários, novamente. No mundo do futebol só tem grande história de conquista se houver um rival irmão gigante também. Imagina a grandeza do Flamengo versus Fluminense, do Palmeira e Corinthians, Grêmio e Inter, Atlético e Cruzeiro! O Comercial versus Operário é o clássico do nosso MS!

Giovanni Dorival: Entendo. Você acredita que o futebol sul-mato-grossense tem potencial para se destacar no cenário nacional?

Sullivan Oliveira: Sim e muito! Acredito que com a nova dinâmica de clubes se tornando SAFS e a vinda dos emirados árabes chegando com o novo foco de transformar o Brasil em liga, igual as ligas da Inglaterra, Espanha e Itália, os clubes irão se tornar mais evidentes. Eu vejo logo, logo os clubes do nosso estado ganhando esse caminho, pois, a liga está ativa e os grandes investidores globais do futebol querem expandir o futebol a cada dia mais pelo mundo. Como torcedor, vejo que aqui não será diferente. É bonito ver o Cuiabá na primeira divisão e sei que logo, logo estaremos galgando estar entre os melhores do Brasil novamente, cheios do amor, garra e tradição que move todos os operarianos espalhados pelo mundo!

Sullivan e sua arte fazem parte da história do desporto brasileiro. Foto: Arquivo pessoal

Giovanni Dorival: Certo. E, quanto à aerografia. Como você vê o seu nicho de arte no estado?

Sullivan Oliveira: Eu amo meu nicho! Tenho meus clientes há mais de duas décadas e para mim é tranquilo.

Giovanni Dorival: Você acredita que há valorização desse tipo de arte por aqui?

Sullivan Oliveira: Sim, toda arte tem seu real valor, pois todas as artes detêm sua importância no mundo.

Giovanni Dorival: Quem era o Sullivan antes de vir para o Mato Grosso do Sul?

Sullivan Oliveira: Um sonhador. Que continua sonhando em unir pessoas usando a arte e os esportes.

Giovanni Dorival: Justamente, iria te perguntar, quem é o sul-mato-grossense Sullivan, hoje. (Risos).

O artista é amante do time Operário Futebol Clube. Foto: arquivo pessoal

Sullivan Oliveira: O homem mais feliz do mundo. Aqui me encontrei como ser humano, aqui no MS temos tudo para sermos felizes!

Giovanni Dorival: Wow! Te agradeço muito, Sullivan!

Sullivan Oliveira: Estamos Juntos! Gratidão!

Giovanni Dorival: Obrigado!

One thought on “Sullivan Oliveira: o Operário Sul-Mato-Grossense dos Esportes

  • Rudiclei de Andrade Nogueira

    Falou bem do Operario tem a minha nota 10

    Resposta

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