Futuro do transporte público de Campo Grande continua em xeque
Alegando não ter mais dinheiro em caixa sequer para pagar a folha salarial de julho, o Consórcio Guaicurus está pedindo para a Prefeitura de Campo Grande um repasse mensal na ordem de R$ 5 milhões para ajudar no custeio do serviço público de transporte de passageiros. Caso este valor não seja acertado, as empresas que formam o consórcio irão entrar com pedido para aumentar o valor da tarifa atual, de R$ 4,40 para R$ 6,16 – o que seria o maior reajuste do passe de toda a história da Capital.
O assunto está em pauta desde a semana passada, quando os motoristas promoveram uma manifestação de 24 horas diante da falta do pagamento do vale quinzenal. Naquele dia, nenhum ônibus saiu da garagem das empresas e a cidade se viu refém dos motoristas de aplicativos, táxi e caronas. Na ocasião, uma audiência de conciliação promovida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT/MS) acertou com o Consórcio Guaicurus o pagamento do vale para essa terça-feira (28) e também agendou uma reunião entre a Prefeitura e a diretoria do Consórcio para discutir a situação.
Essa reunião aconteceria, inicialmente, na sexta-feira passada, mas foi reagendada para esta segunda-feira (27). Entretanto, mais uma vez não aconteceu, deixando o impasse em aberto e colocando o serviço de transporte público em xeque, já que o Consórcio Guaicurus alega não ter dinheiro sequer para pagar os funcionários em julho. Com isso, a categoria não descarta entrar em greve por tempo indeterminado, prejudicando aos usuários que dependem dos ônibus para se deslocarem até os seus locais de trabalho, escola, hospitais e demais lugares.
Ou aumenta o repasse ou sobe o valor da tarifa
A reunião na Prefeitura foi cancelada, mas o motivo não chegou a ser divulgado. Segundo o advogado do consórcio, em entrevista para a imprensa, o Município estaria buscando iniciar tratativas com o Governo do Estado para que pague os passes dos alunos da REE (Rede Estadual de Ensino). André Borges também afirmou que “as empresas que compõe o Consórcio Guaicurus não possuem mais créditos com os bancos para sanar o déficit atual e, por isso, não conseguem garantir o próximo salário de seus funcionários”.
Ao mesmo tempo, na terça-feira (28) está agendado o julgamento que pode anular a concessão do Consórcio Guaicurus. A audiência de instrução será presidida pelo juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos. O julgamento dá início ao desfecho de um processo de investigação iniciado em 2019 pelo MPMS (Ministério Público Estadual) e que chegou ao Judiciário em setembro de 2020, em forma de ação civil pública. No processo, o Ministério elencou uma série de irregularidades identificadas durante a investigação e que, na visão da 30ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, são suficientes para anulação do contrato.