Produtora sul-mato-grossense vende pipocas para arrecadar fundos em prol de filme sobre dislexia
Em busca de recursos para custear a conclusão de um longa-metragem que está sendo gravado no Rio Grande do Sul, uma produtora sul-mato-grossense passou a vender pizza e pipocas na cidade de Nova Alvorada do Sul. Rachel Campos tem deficiência auditiva e milita em prol de mais inclusão social, sendo muito reconhecida no seu município pela sua história de vida e superação.
Em entrevista ao site MS Hoje, via WhatsApp, a produtora contou que tem trabalhado ao lado de sua melhor amiga Joice Oliver, roteirista do filme ‘Lição de Casa’ e que é o primeiro longa-metragem da América Latina a tratar do tema ‘Dislexia’, um distúrbio genético que faz com que as pessoas diagnosticadas tenham dificuldades no aprendizado, na leitura e também na escrita. A ideia do projeto é desenvolver um material didático em relação aos direitos e necessidades de pessoas que possuam a necessidade de uma atenção especial no processo de aprendizagem.
“Quem escreveu o roteiro é a Joice Oliver. Este filme conta a historia do sobrinho dela, que é disléxico. Ela é quem dirige e está gravando este longa em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Como a cidade é grande, é mais difícil de se levantar verba para terminar a produção. Já a cidade de Nova Andradina é pequena e também, pelo fato de que nasci aqui, tenho uma história de inclusão social e isso torna mais fácil a arrecadação do dinheiro”, explicou.
Ainda segundo Rachel Campos, o audiovisual é muito monopolizado no RS. Além disso, também já foi feita uma vakinha virtual para arrecadar fundos, no entanto, o processo é muito difícil. “Então o que está ajudando é vender pipocas e pedir algumas doações”, complementou. Ela tem feito essa rotina de vender pipocas em ruas e praças de Nova Andradina, geralmente nos períodos da tarde e a noite. “As vezes fico em frente ao Banco do Brasil ou na pracinha”, complementa.
O filme
A obra foi desenvolvida utilizando como pano de fundo a amizade entre um menino disléxico e uma menina cega. Ambos tentam se ajustar ao sistema de ensino onde algumas pessoas estão completamente despreparadas. Todo o custo do projeto está orçado em R$ 50 mil, entre elenco, filmagem, produção e pós-produção.
“Queremos despertar a conscientização a respeito da importância de que o sistema educacional abrace todas as pessoas independente do grau de dificuldade em seu processo de alfabetização ou de qualquer outra dificuldade no decorrer do seu período escolar. É um dever de todos, respeitar as diferenças e lutar para que o sistema educacional seja digno e justo para todos, deixando de ser uma utopia se tornando realidade!”, cita a descrição do projeto.
No filme, o personagem principal é o Lucas, um menino incompreendido por sua dificuldade em ler e escrever (ele tem Dislexia) e que vive com seu irmão Luan e os pais Luciana e Marcos, na cidade de Torres, litoral do Rio Grande do Sul.
O cotidiano da família é alterado com a chegada de Marina, irmã de Luciana e que se torna responsável pelos cuidados dos sobrinhos, mesmo que a relação das irmãs ainda esteja abalada por questões familiares passadas.
Aos poucos, Marina percebe a dificuldade de aprendizado de Lucas. Isso faz com que ela comece a investigar o que o menino possa ter, o que a leva a suspeita de Dislexia.
Marina se predispõe a lutar para que essa necessidade seja reconhecida e que ele tenha a oportunidade de ser incluído da forma adequada no sistema educacional da escola em que ele estuda.
Lucas inicia um forte laço de amizade com Maria Flor, a nova aluna que é negra e deficiente visual. Flor é filha da professora Diana, que foge de Porto Alegre para Torres depois de sofrer inúmeros abusos do marido.
A menina, por mais que tente relevar, agindo de modo positivo, acaba se abalando em relação dos preconceitos sofridos por parte dos alunos da escola. Vendo a situação delicada em que Maria Flor e Lucas se encontram, Marina se une a mãe de Flor e com a professora Julia.
Elas recebem o apoio do diretor Ângelo e criam uma iniciativa de conscientização sobre a importância da educação inclusiva. Eles realizam a montagem de uma peça, onde é abordada diversas situações que podem orientar as pessoas a terem uma conduta melhor e exigirem que o ensino digno e justo seja colocado em prática. Desta forma eles iniciam uma mudança na localidade onde vivem.
Você pode acompanhar o desenvolvimento do filme através das redes sociais Lição de Casa: www.facebook.com/licaodecasaofilme