Língua Nacional
Eu falo porã, da indígena bonita
A ponta úbere da Princesinha dos Ervais
Eu chamo Ivinhema, a Terra Prometida
Laço que independe da história mosaica
Eu ouço ‘Gracias a la vida’
E canto o espanhol bonito e presente
De Mercedes Sosa e Perla
Volvendo a los diecisiete
Ou sonhando com os bailes
Da colônia paraguaia onde baila
La morena galopera de la estirpe indo-latina
Eu falo ‘mandioca’ esse acompanhamento do churras
Há regiões onde essa raiz é chamada ‘aipim’
Hoje falamos ‘cê’, a gramática ainda pede ‘você’
Mas, desses trópicos aqui
Que já foi a Pindorama, Terra de Vera Cruz
Um matusalém inconformado,
Perguntaria por ‘vosmecê’
E indagaria com estranhamento
O que é isso de elxs, delxs,
Porém, eu que nada sei dessas questões
Que em criança chamava ‘Cuceu’
Ao pobre Tadeu envergonhado
Observo que vale mais o debate
Quando respeitada as bocas que falam
As línguas que entremeiam a língua
As línguas que defendem a língua
As línguas que erram a língua
As línguas que se quer falam em libras
E as línguas que entoam neologismos
Coisas de língua que avança
Pelos tempos perdendo
O que era, para ser no agora
Essa pronuncia nacionalizada
Nessas bocas que ora blasfemam
Outras bendizem com paixão
Vezes mentem, vezes falam verdades
E, todas às vezes, perdidas e encontradas
Descansam cheias de alimento
Ou num beijo intenso e amoroso
Nota:
[i] 21 de maio é celebrado o Dia da Língua Nacional