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Ligações para o serviço de abordagem social fazem a diferença para pessoas em situação de rua

Quando acionou pela primeira vez o Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) por meio de um dos dois números de celular disponíveis à população, a professora Geovana Queiroz ficou surpresa com a agilidade dos profissionais, que atenderam ao chamado para verificar a situação de uma idosa que pedia alimentos na região do bairro Vilas Boas, em uma das semanas mais frias do inverno deste ano.

De acordo com a professora, a idosa, que aparentava ter 70 anos, já estava há vários dias sentada próximo de sua casa. Incomodada com a situação, ela ofereceu roupas e uma refeição. Foi então que lembrou da postagem dos números dos celulares do SEAS em um grupo de WhatsApp e pediu ajuda a equipe do plantão.

“O retorno foi imediato. Logo eles chegaram para fazer a abordagem junto com o Corpo de Bombeiros, que eu também tinha acionado. No início a senhora não quis aproximação, mas acabou aceitando o acolhimento. O serviço é maravilhoso e merece mesmo uma grande divulgação”, destacou Geovana.

Quem também elogiou o empenho dos profissionais do SEAS foi a copeira Ramona Odete Machado, que há poucos dias se deparou com uma situação que a fez conhecer o trabalho do serviço de abordagem. Moradora no Jardim Carioca, ela estava em um ponto de ônibus, quando um senhor aparentando ter 60 anos se aproximou e os dois começaram a conversar.

Ramona descobriu que ele estava desorientado e não sabia voltar para casa. Na mesma hora ela postou uma foto dele em uma rede social e logo uma profissional do SEAS foi marcada e a equipe se deslocou até o local, porém o idoso já não se encontrava mais na região. Sem poder aguardar a equipe, a copeira entrou no ônibus, mas recebeu uma devolutiva da equipe, que enviou fotos via WhatsApp para mostrar que o idoso não estava mais no local indicado.

“Fiquei triste por ele não ter sido localizado, mas muito feliz pelo ótimo serviço prestado pelo pessoal do SEAS. São muito atenciosos. Vou ajudar a divulgar os telefones porque não sabia que existia esse serviço na Prefeitura. O pessoal sempre fica brabo porque procuro ajudar dando dinheiro, mas agora já sei quem procurar ”, disse Ramona.

Oportunidades

Assim como Ramona, grande parte da população costuma oferecer esmolas às pessoas em situação de rua, mas a orientação dos profissionais que atuam na rede de Assistência Social do Município é acionar o Serviço Especializado em Abordagem Social, que funciona no Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP), localizado na Rua Joel Dibo, no centro.

O SEAS conta com 12 equipes que atuam 24 horas por meio de busca ativa para identificar, em diversos pontos de Campo Grande, pessoas em situação de rua, incidência de trabalho infantil e exploração sexual de crianças e adolescentes.

Durante as abordagens, as equipes oferecem o acesso à rede de serviços e a benefícios assistenciais, sensibilizando a pessoa quanto aos riscos de buscar abrigo nas ruas e ofertando o acolhimento institucional. De janeiro de 2020 a agosto deste ano, 2812 foram abordadas pelo SEAS. Como o número de recusas é grande, já que muitas pessoas optam em permanecer nas ruas sobrevivendo de esmolas ou devido a algum tipo de vício, as equipes realizam várias abordagens em um mesmo ponto.

“Muitas vezes o mesmo indivíduo é abordado mais de uma vez. Como temos várias equipes, elas utilizam abordagens diferenciadas e muitas vezes conseguimos convencer o usuário. O objetivo e não desistir da pessoa”, frisou o secretário municipal de Assistência Social, José Mario Antunes.

 Estrutura 

Entre 7 e 17 horas, o indivíduo que aceita o acolhimento é encaminhado ao Centro POP, onde é recebido pelos educadores sociais, que realizam uma triagem para verificação de dados pessoais. Em seguida, eles são atendidos pela equipe técnica de assistentes sociais e psicólogos e encaminhados aos acolhimentos ou comunidades terapêuticas, no caso de dependência química.

No Centro POP é servido café da manhã, almoço e lanche da tarde. No espaço os acolhidos também têm a oportunidade de realizar a higiene pessoal e lavar roupas. No período de inverno, são entregues cobertores para as pessoas que recusam o acolhimento.

Após às 23 horas, as equipes realizam as abordagens apenas mediante denúncias realizadas por meio de dois números de celulares que no total recebem, em média, 700 ligações por mês de pessoas indicando pontos onde há indivíduos em situação de rua. Nos dias frios, o número de chamados cresce, em média, 50%.

Caso ocorra o aceite, o usuário é encaminhado para uma das quatro unidades de acolhimento ou comunidade terapêutica, onde recebem atendimento psicossocial e encaminhamento para o mercado de trabalho.

De acordo com a Superintendente de Proteção Especial da SAS, Tereza Cristina Miglioli Bauermeister, é importante criar uma cultura de acionar o serviço em qualquer época do ano. “Nos dias frios as pessoas se sensibilizam mais, mas durante o ano todo encontramos usuários em situação de vulnerabilidade nas ruas e dessa forma ajudamos a reduzir os casos de pessoas que pedem esmolas”, afirmou.

A SAS orienta a população, ao encontrar uma pessoa em situação de rua, a entrar em contato pelos telefones que funcionam 24 horas (67) 98404-7529 ou 98471-8149.

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