Juiz manda investigar sumiço de cadeados e falha em câmeras após fuga de líder da maior rebelião de MS
O juiz Fernando Chemin Cury, da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, determinou que seja aberta investigação para apurar indícios de facilitação na fuga do preso José Claudio Arantes, o “Tio Arantes”, do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, na madrugada de segunda-feira (23).
Na decisão, o magistrado ressaltou série de irregularidades, entre elas, o sumiço de cadeados e falha no sistema de monitoramento horas antes da fuga. Sobre os cadeados, apuração no interior da penitenciária indica que objetos que mantinham trancados a cela e o pavilhão C, onde “Tio Arantes” estava, desapareceram.
Já as câmeras de segurança do mesmo pavilhão, deixaram de funcionar, “coincidentemente”, conforme ressaltou o juiz, às 14h de segunda. A falha no sistema de monitoramento foi informada pelo diretor-adjunto do presídio.
Além dessas situações, o fato do líder da maior rebelião já registrada em Mato Grosso do Sul ter ficado em cela com porta inteiriça, sem acesso a área externa, e mesmo assim ter conseguido fugir, também deve ser investigado em processo que ficará a cargo do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).
A decisão da justiça ainda determina que a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) abra procedimento administrativo para ouvir agentes que estavam de plantão no dia da fuga, inclusive, com possibilidades de afastamento cautelar, se necessário.
A reportagem procurou a Agepen para saber se medidas já foram adotadas para apurar a possível facilitação na fuga e, por meio da assessoria de imprensa, a agência informou “abriu apuração por meio de sua Corregedoria-Geral e Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário (Gisp)”.
Com isso, além dos servidores, presos em celas no mesmo pavilhão de “Tio Arantes” também devem ser ouvidos. Até o momento, não há decisão sobre afastamentos.
A Fuga
Segundo o boletim de ocorrência, a fuga aconteceu por volta de 0h32 e foi registrada pelo sistema de videomonitoramento do presídio. Além de “Tio Arantes”, seu colega de cela, Eduardo Benedito do Amaral, de 62 anos, também fugiu do semiaberto.
A tela do alambrado que dá acesso ao pátio interno do estabelecimento penal foi encontrada cortada.
Líder de rebelião
Chefe de uma facção criminosa que atua nos presídios de Mato Grosso do Sul, em maio de 2006, Tio Arantes foi apontado como um dos chefes de rebelião ocorrida no Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, a penitenciária Máxima, em Campo Grande. Na ocasião, atos semelhantes foram registados em presídios de outros Estados, com liderança atribuída a facções criminosas.
Depois do motim, Arantes foi transferido para o presídio estadual de Dourados. O fugitivo também foi apontado como principal envolvido em plano para matar o diretor da unidade, na região sul de Mato Grosso do Sul.
Arantes cumpria pena por tráfico de drogas e roubo, mas também já foi investigado por assalto a banco.
* Por G1 MS