Caderno BColunistasGiovanni Dorival

Sobre Crianças Inocentes e Monstros

Desde 1982, o dia 4 de junho consta no calendário da ONU como uma data que pede reflexões sobre as crianças inocentes vítimas de agressão. Você já pensou sobre o assunto?

As crianças inocentes, que monstros a molestam constantemente? Pais violentos entregues a bebidas e vícios depravados. Mães sem amor que oferecem seus pequenos nas boleias dos caminhões à beira de estradas por alguns trocados que lhe garantam a base do baseado.

Irmãos fraticidas que pela menor contrariedade desferem contra essas frágeis criaturas golpes violentos. Tios degenerados que delas se aproximam com promessas de doces e brinquedos para ataca-las como feras selvagens na intimidade doméstica.

Sacerdotes de benévolas faces, todas máscaras de seu maligno ser, espreitando oportunidades para tomá-las sob julgo, numa possessão demoníaca que até o próprio diabo duvida. Professores sem nome, figurando em páginas policiais por práticas criminosas junto a religiosos, tios, irmãos e pais sem alma. Na maioria quase absoluta das vezes, o carrasco é justamente alguém próximo que deveria proteger essas criaturas inocentes.

De acordo com organizações sociais como a Fundação Roberto Marinho, embora todas as crianças brasileiras encontrem no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) a proteção e garantia de seus direitos, a violência contra esses pequenos ainda se encontra em níveis alarmantes.

Conforme o “Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil”, lançado pelo UNICEF e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a cada 15 minutos, 1 criança sofre violência sexual no Brasil. Em todo país, 51% dos casos de violência sexual são praticados com crianças de até 5 anos. Em 2020, 60% das vítimas tinham menos de 13 anos.

No Brasil, 35 mil crianças e adolescentes de 0 a 19 anos foram mortos de forma violenta entre 2016 e 2020, aproximadamente 7 mil por ano. Entre as crianças vítimas dessas mortes violentas, os meninos negros são a maioria.

Das denúncias pelo Disque 100, 1 entre 4 são de violências contra crianças. Dos registros, 95,2 mil denúncias tratavam de violência contra crianças e adolescentes no país em 2020. Em 2022 foram registradas 11 mil denúncias e até maio deste ano, 9.500 casos de violência sexual contra crianças foram denunciados em todo o Brasil.

Conforme o Sistema Integrado de Gestão Operacional (Sigo/MS), desde o início do ano Mato Grosso do Sul registrou 3 mortes por homicídio em crianças, número que forma maioria absoluta nos casos de estupro, com 471 crianças vítimas desse tipo de violência.

Para por fim a essas formas de violência contra crianças, é preciso ir além do dia 4 de junho, é preciso romper com uma sociedade de vizinhos e testemunhas mudas que sabendo desses casos de absoluta desumanidade, se fazem de cegos e mudos, tornando-se tão criminoso quanto o carrasco que molesta esses pequeninos. Não seja um deles! Se souber de algum caso de violência contra criança, denuncie. Disque 100!

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